Uma hora de claustrofóbico calor dentro do ônibus. Guarda-chuvas pingando, vidros cruelmente fechados, embaçados... A chuva apertando, as ruas alagando até formar um mar de água podre que carrega lixo, carros e pessoas. Pequenas conversas entre estranhos que comentam a aguaceira. A esperança de chegar logo e de uma chegada seca. Mas não... o mundo continuava caindo e os pingos mornos substituíam aos poucos o clima úmido e muito quente do ônibus, tão denso que poderia ser partido como uma fatia de torta com uma faca. O guarda-chuva teve sua utilidade bastante relativizada à medida que os pingos molhavam o tecido das minhas calças, subindo vagarosamente pelas minhas pernas. Após a libertação de colocar tudo o que devia ser protegido em um local seco, livre-me de toda a tralha e decidi que, como louca, sairia feliz pela rua, deixando-me molhar pelas gotas pesadas, aceitando aos poucos a sensação de estar sendo refrescada e rindo sozinha de minha própria estranheza. Caminhei um quarteirão e fui muito olhada por pessoas que, escondidas da chuva, pensavam tão alto que eu podia ouvir... "Mas será que enloqueceu?" "Coitadinha, deve ter esquecido o guarda-chuva em casa!" "Essa sim é doida!". Mas valeu a pena, porque enquanto ria da minha suposta insanidade, tive cada vez mais intenso sentimento de liberdade e de leveza! Talvez o inesesperado esteja em nós! Eu ainda não sabia disso!
É isso aí Fredinha!
ResponderExcluirLoucas unidas pela sublime bobagem!