sábado, 26 de dezembro de 2009

Alice laughed. "There's no use trying," she said: "one can't believe impossible things."
"I dare say you haven't had much practice," said the Queen. "When I was your age, I always did it for half-an-hour a day. Why, sometimes I've believed as many as six impossible things before breakfast."

(Alice Through The Looking Glass)

sábado, 19 de dezembro de 2009

As coisas que queremos muito são as que mais nos desapontam quando as conseguimos. E quanto mais desapontados ficamos, mais tentamos justificar com teorias do tipo "foi melhor assim", ou "tenho certeza que isto foi para o bem", podendo atingir um "com certeza isto vai me levar para algo melhor ainda" ou "por algum motivo não foi assim"... Mas será mesmo que assim que deveria ter sido? E , se não, será que tem como resgatar a expectativa?

tem mais samba no encontro que na espera

Vem que passa
Teu sofrer
Se todo mundo sambasse
Seria tão fácil viver!

Chico Buarque, "Tem Mais Samba"

domingo, 13 de dezembro de 2009

chuva de verão


Lindo painel da exposição vertigem de osgemeos

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

você é má

Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nem um olhar
Nunca falou tudo bem!
Tem, mas não dá
Sorrir jamais lhe convém
Você é má
Mas há de ter um bem

Você dá nada a ninguém
Vá se danar!
Danada, não perde o trem
Sabe nadar
Mas nada sabe de alguém que sabe amar
Eu quero ser seu bem
Você é má

Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!

Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Nunca dará!
Nem sempre um simples amém
A deus dirá
Diz que não vai à Belém
Você é má
Mas pode ter um bem

Vá se danar!
Você dá nada a ninguém
Danada, finge tão bem
Sabe negar
Jamais dá a quem tem demais pra dar
Mas eu serei seu bem
Você é má!

Você é maluca
Você é malina
Você é malandra
Só não é massa!
E você magoa
E você massacra
E você machuca
Você mata!

Zeca Baleiro

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009


Anne Taintor
Vazio agudo
Ando meio
Cheio de tudo.

Paulo Leminski

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

egoísmo

"Observo com frequência, que tendemos a atribuir a nossos amigos aquela estabilidade de caráter que as personagens literárias adquirem na mente do leitor. Não importa quantas vezes relemos o Rei Lear, jamais encontraremos o bom monarca levantando seu canecão de cerveja, todas as desventuras esquecidas, num festim palaciano a que estão presentes as três filhas e seus cãezinhos de estimação. Jamais veremos Emma se curar, reavivada pelos sais contidos na lágrima oportunamente vertida pelo pai Flaubert. Qualquer que seja a evolução desta ou daquela personagem entre as capas do livro, seu destino está cristalizado em nossas mentes, e, da mesma forma, esperamos que n ossos amigos sigam esta ou aquela trajetória lógica e convencional que traçamos para eles. Assim, X jamais comporá a música imortal que conflitaria com as sinfonias de segunda classe a que nos habituou. Y jamais cometerá um assassinato. Aconteça o que acontecer, Z nunca nos trairá. Temos tudo bem arranjado em nossas mentes e, quanto mais raramente vemos determinada pessoa, maior é nosso prazer ao verificar, quando ouvimos falar dela, como se vem adaptando obedientemente ao padrão de comportamento que lhe impusemos. Qualquer desvio nos destinos que decretamos nos onfenderia como algo não apenas anômalo, mas imoral. Preriríamos nem ter conhecido nosso vizinho, o vendedor aposentado de cachorros-quentes, caso venhamos a saber que ele acaba de publicar o melhor livro de poesias dos últimos tempos."

Trecho de Lolita, de Vladimir Nabokov.