Porque eu quis ser uma menina com uma flor, mas não admiti e ninguém viu. Porque, talvez, eu simplesmente não seja e, por isso, ninguém veja, ou só veja quando a simplicidade já passou e tudo é só tristeza... Tristeza tanta que motiva uma amiga poetisa a me reescrever a poesia neste momento certo, o que talvez tenha sido o melhor conselho-consolo que eu já recebi... "E porque você é uma menina com uma flor e chorou e xingou e sorriu e amou, eu lhe predigo, busca a força que veio com a flor, rega. Eu sei que não por isso sua luz vai apagar. Dentro de você a menina dança!". E é nesse ponto do nunca saber se alguém já viu ou verá essa flor que está comigo que eu me pergunto: Será que eu a vejo?
Essa coisa frágil, cheirosa, doce, colorida, despedaçável que eu talvez nunca entregue de coração a ninguém e que talvez eu seja obrigada a ver murchar aos poucos com a idade e a falta de ar... Essa essência leve, que exige paciência, cuidado e sensibilidade para que tenha seu desabrochar sentido, percebido.
À espera irremediável de um sol que substitua a artificialidade dessa estufa que dá a ilusão de aquecer. Um sol que queime sem dó, nem medo, cujos raios não se intimidem na etéra eternidade da dureza de uma redoma.
Mas essa única flor, essa raridade que sobrou do jardim esquecido... Que ela não morra com todo esse granizo ressequido, pois ela é o que essencialmente me sobra de mais precioso.
E é justamente por eu ter essa voz que não saí e esse ar recuado, por eu ser assim tão subliminar, por desafinar lindo e também feio e logo concertar, pelo nervosismo de um olhar muito... Por isso mesmo é que eu espero ser um amor feito de todas as mulheres já tidas por um você... Por eu ser, num íntimo e ínfimo lugar de mim, por que não, uma menina com uma flor.